Onde está a educação emancipadora?
Está na crítica: A crítica é o que age como força libertadora do pensar, do ser e do saber. A crítica é o que permite a transformação. Este é um pilar central da educação. De facto, é ele que a define: educação é, em si mesma, um processo de transformação.
Está na consciência: Tudo na vida é um processo de transformação. Mas os usos e os resultados desse processo podem ser muito contraditórios. A transformação, via educação, pode ser uma em nome da opressão ou em nome de uma normalização de visões do mundo e de relações, especialmente as de poder. Neste sentido, a educação não deixa de ser uma transformação – mas uma que compatibiliza a subjectividade humana com a ordem hegemónica (qualquer ordem que seja). Mas a educação também pode ser um processo de transformação que amplia, reconhece e cuida essa coisa de ser humano. O resultado deste processo em concreto é a consciência. É interessante notar como diversas tradições filosóficas, incluindo as africanas, designam a consciência como a rejeição deliberada da alienação e como um movimento em direcção à autenticidade em nome de todxs. E esta autencidade não é nenhuma essência dogmatizada por ortodoxias ou romantismos tóxicos; ela é, antes de tudo, a liberdade de se ser o que se deseja e escolhe ser.
Está na liberdade, na emancipação e na justiça: porque a educação deve ser um processo de transformação de liberdade e em liberdade. A educação tem de ser uma condição de liberdade. A educação serve para sermos agentes históricos, isto é, agentes de agem sobre a história.
Está na pluralidade, no experimento, na criatividade: Se a rejeição da alienação implica a crítica a cânones e ortodoxias naturalizadas, a consciência que dela resulta só pode brotar na pluralidade, no experimento e na criatividade. Se a consciência depende da valorização da diversidade e se ela é o resultado na educação crítica e libertadora, então não é só o ‘eu penso’ (que continua sempre fundamental), mas é também o ‘pensemos juntos’. E se esta ideia for capaz de se transformar em princípio e em práxis, então o conhecimento é sempre criado em co-autoria.